Pânico, o medo de morrer.

Pânico, o medo de morrer.

12 de julho de 1998, Stade de France. A super-favorita seleção brasileira defrontava a seleção anfitriã, na Final do campeonato do Mundo de Futebol, ambicionando fazer história ao conquistar o quinto título mundial. Como melhor marcador e estrela da companhia tinham um jovem de 21 anos. Nome de nascimento: Ronaldo. Cognome: Fenómeno. Horas antes do encontro, os adeptos brasileiros entraram em choque ao verificarem que Ronaldo não tinha sido convocado para o encontro decisivo. Segundo os médicos e jogadores do Brasil, Ronaldo teria tido um “ataque”, horas antes do início da partida. O rosto pálido, a fraqueza muscular súbita, os tremores e os suores invadiram subitamente o avançado brasileiro, impossibilitando-o de jogar. O jovem Ronaldo terá tido um ataque de pânico. A restante equipa viveu momentos de grande aflição, terminando com a vitória inesperada da França por três a zero.

O ataque de pânico é uma experiência altamente perturbadora para o indivíduo e para quem o rodeia. Consiste num estado de intensa ansiedade com uma duração que pode ir de poucos segundos a vários minutos. Além da ansiedade este pode ser acompanhado por tanto por sintomas físicos como palpitações, sensação de aperto no peito ou de afogamento, dor no peito, respiração ofegante, enjoos, formigueiros nas mãos, cansaço e fraqueza muscular, tonturas, suores frios e tonturas como psicológicos como a sensação de estranheza relativamente ao sítio onde se está, medo de enlouquecer ou medo de morrer.

Mas o que acontece no nosso cérebro para que este conjunto de sintomas resolva aparecer em simultâneo e de forma tão dramática?

A estrutura responsável pela génese da ansiedade dá pelo nome de amígdala. Toda a informação é processada aqui e posteriormente enviada para as mais diversas zonas do cérebro para ser avaliada. Estas estruturas devolvem uma resposta à amígdala referindo se o estímulo recebido deve ser tido como adverso ou normal. Quando estas ligações falham, a amígdala, assume por defeito que o estímulo é potencialmente perigoso e ativa o circuito da ansiedade. Estimula o centro da respiração, aumentando a frequência respiratória; ativa a produção de noradrenalina provocando um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial e envia informações para o córtex cerebral provocando os pensamentos catastróficos de “vou morrer” ou “vou enloquecer”. Com o aumento da frequência cardíaca e dificuldade respiratória, o indivíduo perceciona sinais que confirmam que algo está mal com o seu organismo alimentando um círculo vicioso de ansiedade.

 

Dr. Pedro Santos Oliveira - Médico Psiquiatra

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