Certamente que já se deparou com a preocupação de algum amigo ou familiar em ter Alzheimer. A tão malfadada doença “descoberta” pelo senhor que lhe deu nome há cerca de 100 anos, teima em não ter cura, nem tão pouco um tratamento eficaz. Por essa razão, muitas pessoas que experienciam certos esquecimentos como onde puseram as chaves do carro, o código do multibanco, as datas de aniversários, o nome de determinada pessoa, pensam logo na terrível hipótese “Será que tenho Alzheimer?”. Como se não bastasse, esses pensamentos ocorrem mais frequentemente em alturas em que a pessoa anda mais desanimada ou ansiosa.
Acontece que a depressão e a ansiedade podem muitas vezes imitar os sintomas da demência de Alzheimer, tornando a questão num círculo vicioso. A pessoa ansiosa/deprimida esquece-se, como está deprimida pensa de maneira mais negativa e acha que tem Alzheimer, levando a mais ansiedade e consequentemente, mais esquecimentos. Esta associação é tão comum que levou alguns autores a chamá-la de “Pseudo-demência”. Felizmente, ao contrário da verdadeira, esta demência tem um tratamento eficaz podendo mesmo falar-se em cura.
A relação entre depressão e Alzheimer não se limita às semelhanças na sintomatologia. Os doentes com Alzheimer ao verem-se limitados nas suas capacidades intelectuais e funcionais têm uma maior probabilidade de deprimir. Esta relação causal é bidirecional, ou seja, também está demonstrado que doentes com depressão, especialmente depressões arrastadas e não tratadas, têm maior predisposição para desenvolverem este tipo de demência. Assim, cria-se um novo potencial círculo vicioso em que a pessoa com Alzheimer tende a deprimir e a depressão a agravar a evolução da demência. Torna-se, pois, essencial tratar de forma eficaz tanto os sintomas decorrentes da doença de Alzheimer mas também a depressão de forma a melhorar o prognóstico da doença.
Dr. Pedro dos Santos Oliveira